Fui extremamente impactado pelo texto “A Teologia na tenda com Jó” da teóloga Aíla L. Pinheiro de Andrade e, por isso, preciso deixar aqui no meu blog o registro deste impacto que tem como resultado um forte direcionamento da utilidade do meu aprendizado teológico para a igreja, para aqueles que estão ao meu redor e para minha própria alma.
Aíla começa sua reflexão, perguntando: Como fazer teologia diante do mal, da dor e do sofrimento? Tem sentido anunciar o amor de Deus aos pais de uma criança com câncer? Então, somos convidados a uma conversa na tenda com Jó e, talvez, por suas palavras e dores, nossa teologia seja curada de nossas certezas inquestionáveis.
Jó e o “desconhecimento” teológico
A experiência com Deus se dá no nível intersubjetivo. Um saber construído no relacionamento. A teologia deve saber que nunca vamos possuir Deus como coisa. Os amigos de Jó representam, no entanto, a teologia que pretende submeter Deus pela lógica da bipolaridade que oscila entre justiça-benção e injustiça-castigo. Uma teologia mecanicista e exata que não deixa espaço para os porquês do afeto e da angústia da alma nessa relação com o sagrado. A teologia dos amigos de Jó é a teologia que apresenta falsas certezas na tentativa de calar a alma de quem sofre.
Jó abala o modelo teológico estabelecido
Mas, então, quais são os limites do conhecimento teológico? O saber teológico esbarra em diversos aspectos da realidade e, diante disso, precisa ter a sinceridade de não apresentar respostas. Teologia que precisa mergulhar o ego no mistério da vida e emergir com uma identidade repleta de compaixão pela realidade humana. “Esse desafio exige da teologia uma postura capaz de privilegiar a experiência de Deus e não o conhecimento puramente racional”.
A teologia senta-se no chão com Jó para contemplar Deus
Este ato de sentar-se no chão com Jó é um convite para que a teologia abandone seu pedestal de saber e se dirija até o lugar de quem sofre, para dali, contemplar Deus. Comtemplação em situações limites de dor e de dúvida, de busca e de angústia. Teologia dever ser contemplação na realidade. Contemplação que amplia o campo de visão da teologia e, acima de tudo, a compaixão. Assim, o fazer teológico pode não apresentar respostas, mas está ali, no chão, sofrendo com o que sofre, se esvaziando e apelando para que a esperança permaneça em meio ao desalento.
A teologia tem uma novidade para dizer a Jó
“No livro de Jó, Deus aparece como Todo Poderoso, criador, que está no controle da ordem cósmica. Para que a teologia de Jó pudesse dar um passo à frente na concepção de Deus, foi preciso o Evangelho: o evento fundador da fé cristã.” O Cristo é o Deus que se esvaziou e que ainda se esvazia, dia a dia, por aqueles que se encontram esvaziados pela dor. Por fim, o Cristo ressuscitado é o humano pleno que preenche de esperança a alma dos esvaziados pela dura realidade do sofrimento.
Jó não permite nenhuma omissão da teologia
“A teologia não pode cair na tentação de enganar-se imaginando que nada está acontecendo. A dor está por todo lado, em todas as partes do mundo. O livro de Jó coloca o sofredor diante de nós. Há gritos no escuro, lágrimas no rosto e imensa angústia”. O papel da teologia, portanto, é transformar estes traumas em uma experiência de Deus. Para isso, é preciso sair dos discursos e decidir pelo agir. É preciso conjugar prática e teologia. Teologia que entra na tenda de quem sofre e assenta-se com ele com compaixão e amor em ação.
Que Deus me permita retornar a este resumo, quando estiver me perdendo em devaneios teológicos conceituais.
Para ler o texto completo, acesse: https://www.academia.edu/2586809/A_Teologia_na_Tenda_com_J%C3%B3
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