Mais um ano de celebração do Dia da Reforma Protestante, o marco histórico fundamental não apenas para a Igreja Cristã, mas para toda a sociedade ocidental. Muitos o celebram como um símbolo de orgulho reformado, destacando as conquistas e a coragem dos reformadores ao desafiar o status quo da Igreja de seu tempo. Contudo, gostaria de ir um pouco além para refletir sobre como a Reforma pode nos ensinar a olhar para a igreja e o mundo de hoje. Mais do que um evento estático, congelado no passado, a Reforma continua a ser um convite constante a revisitarmos o que entendemos por Igreja, Fé e o compromisso com as Escrituras.
A ideia da — igreja reformada, sempre se reformando — nos ensina que não devemos nos acomodar, nem mesmo confiar cegamente em nossa tradição. Os lúcidos reformadores desafiaram práticas que haviam se tornado normas, mas que careciam de base bíblica e não refletiam a especificidade do Evangelho apresentado por e em Cristo. Hoje, somos desafiados a ter o mesmo olhar lúcido e humilde, prontos para revisar nossa prática eclesial, nossa liturgia e mesmo nossas relações com o mundo, garantindo que nosso testemunho esteja sempre alinhado às Escrituras e às necessidades reais de nossa comunidade.
Olhar para o mundo de hoje a partir da lente reformada também implica um compromisso com a transformação. Os reformadores tinham um entendimento profundo do chamado para influenciar não apenas a esfera religiosa, mas também a sociedade. Essa compreensão de que o Evangelho transforma tudo o que toca é uma mensagem de extrema relevância para nós. Vivemos tempos de polarização e fragmentação social, e o chamado reformado é para que nossa fé seja uma força reconciliadora, que busca a justiça de Deus, envolvendo-se ativamente nas questões que impactam nosso próximo, sem perder de vista a Graça de Deus como o centro de nossa atuação.
Portanto, o Dia da Reforma Protestante não é apenas uma data de memória ou orgulho histórico. Ele é um lembrete de que somos chamados a um constante processo de revisão e renovação — da igreja, de nossa prática e de nossa relação com o mundo. À luz da Reforma, podemos nos perguntar: estamos dispostos a seguir reformando a igreja, mantendo-a viva e lúcida? Ou nos contentamos com a celebração estática de um passado glorioso? Que esta data nos inspire a um compromisso renovado com a transformação que a Graça promove em nós, na igreja e em toda a criação, no tempo que se chama hoje.
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