As palavras do delegado, pela televisão, me chamaram atenção pois tenho passado por problemas profissionais e também financeiros. Os problemas financeiros não são novidade para grande parte dos brasileiros que, diante da crise econômica/política em que estamos, nos sentimos cada vez mais encurralados por juros e dívidas.
Já a crise profissional, normalmente vem carregada de uma desilusão e descontentamento com o rumo que a carreira está tomando. Sentimos que escolhemos o caminho errado e nos damos conta que já estamos um bom tempo trilhando esta rota. É exatamente neste contexto em que me encontro hoje, na tensão entre a desilusão profissional e a necessidade financeira urgente que não me permite sequer parar, para me reorientar profissionalmente. Compelido entre essas duas forças, a gente se restringe a tocar o barco pra frente na esperança de que as coisas melhorem. Foi nesse contexto de descontentamento e resiliência cansada que recebi de um casal de amigos um presente carregado de simbolismo. Ganhei um computador com aquela maça mordida, símbolo de status, principalmente no ramo profissional em que atuo.
Ganhar este presente me trouxe, ao mesmo tempo, felicidade e constrangimento. Felicidade, porque flerto com um equipamento desta marca desde quando comecei minha carreira aos 16 anos, porém, nunca tive condições de adquiri-lo, devido seu alto preço e as demandas mais urgentes da vida que foram tomando conta da situação. Constrangimento, porque entendi o presente não só como objeto, mas como símbolo da generosidade cristã deste casal de amigos e principalmente como símbolo do cuidado de Deus para com a minha vida. Não me senti merecedor, pelo contrário, fiquei constrangido por me sentir aquém em meu descontentamento atual com a vida profissional e financeira. Me senti pequeno, menor do que já me sinto naturalmente. Diminuído por me entender mais amado do que consigo me amar. Envergonhado por perceber que ainda entendo Deus, mais como um juiz terrível, do que como um pai amoroso, apesar das inúmeras provas do seu amor em minha vida. Então, aquilo que seria apenas mais um equipamento, agora como símbolo, me relembra continuamente um texto bíblico no qual Deus diz a Israel: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento…” – Isaías 41:10
Unindo estes dois sentimentos: felicidade e constrangimento, percebi algo diferente e paradoxal; me senti felizmente constrangido por perceber o amor de Deus por meio da generosidade de amigos e irmãos igualmente constrangidos por Seu amor. É este amor que precisa ser contado, recontado, compartilhado e vivenciado, evitando que mais e mais pessoas se precipitem em suas crises, culpas e desilusões pessoais. O amor que não encontramos em nós, mas que veio ao mundo por nós e se importa com nós, mesmo sem sermos merecedores: O verbo de Deus. O Cristo!
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